Espetáculo Novo Amapá será apresentado neste domingo, 21, na Biblioteca Pública Elcy Lacerda
Neste domingo, dia 21, a Cia Supernova apresenta o espetáculo “Novo Amapá”, uma obra cênica que propõe um olhar artístico e poético sobre o maior naufrágio fluvial da história brasileira. A apresentação acontecerá às 20h, na Sala de Espetáculos Multivozes, localizada na Biblioteca Pública Elcy Lacerda, em Macapá, com entrada livre.
Em cartaz desde 2012, a montagem revisita o acidente ocorrido em 6 de janeiro de 1981, no Rio Cajari, nas proximidades da fronteira entre os estados do Amapá e do Pará, quando a embarcação homônima ao espetáculo naufragou e deixou mais de 600 vítimas.
Baseado no texto “Triste Janeiro”, de Joca Monteiro, o espetáculo utiliza a poesia como forma de homenagem às vítimas, sobreviventes e a todos os envolvidos no trágico episódio. O texto ganha ainda um elemento inédito: a utilização trechos de uma carta escrita pela sobrevivente Elizete Guimarães, que todos os anos acompanha as apresentações.
Além disso, o elenco é formado exclusivamente por mulheres, e reforça potência feminina na construção da narrativa, da memória e da resistência presentes na obra. O “Novo Amapá” incorpora também recursos audiovisuais e é construído a partir de processos de experimentação artística coletiva, o que resulta em uma encenação sensorial e simbólica.
Em cena, o público é conduzido por imagens que remetem aos sonhos e encantamentos da infância, onde o som do “puc, puc, puc” do barquinho de miriti simboliza a liberdade e o desejo de descobrir o mundo. Ao longo da narrativa, esse sonho entra em conflito com a realidade de um sistema que transforma o homem em coisa, carga e engrenagem, explorado até nos gestos mais cotidianos.
Mesmo diante da exploração e da dor, o espetáculo reafirma a essência humana, os afetos, as perdas e, sobretudo, a esperança por dias melhores. O lirismo do texto atravessa toda a montagem e se intensifica em dois momentos marcantes: ao abordar a morte a partir do olhar de uma criança; e no encerramento, em tom de epílogo, quando o eu lírico presta uma homenagem direta aos heróis anônimos que prestaram socorro às vítimas, muitos deles nunca reconhecidos oficialmente por seus atos de humanidade.
“Novo Amapá” transforma memória em poesia e reafirma o teatro como espaço de reflexão, sensibilidade e resistência.
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SERVIÇO
Espetáculo: Novo Amapá
Data: Domingo, 21
Horário: 20h
Local: Sala de Espetáculos Multivozes
Endereço: Biblioteca Pública Elcy Lacerda
Entrada: Livre